terça-feira, 22 de julho de 2008

Saint Joni

Green Flag Song

O Irish Times publicou, no passado dia 19, um artigo sobre a mostra dos trípticos Green Flag Song, da autoria de Joni Mitchell, no Galway Arts Festival.

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Ver animação do trípticos Green Flag Song


Os trípticos Green Flag Song fizeram parte da mise en scène do bailado The fiddle and the drum

domingo, 13 de julho de 2008

"Both sides now", 30 anos depois


“Both sides now”, 1970


“Both sides now”, 2000

As histórias por trás da música

Lloyd Whitesell, The Music of Joni Mitchell (Oxford University Press, 2008)Sheila Weller, Girls Like Us: Carole King, Joni Mitchell, and Carly Simon - And the Journey of a Generation (Ebury Press, 2008)

Dois novos títulos sobre a vida e obra de Joni Mitchell. Um deles, Girls Like Us: Carole King, Joni Mitchell, and Carly Simon – And the Journey of a Generation (Ebury Press, 2008), de Sheila Weller, já por aí anda desde há alguns meses e, para além de Joni Mitchell, acolhe ainda alguns aspectos das vidas e carreiras das cantoras Carole King e Carly Simon; o outro, novinho em folha, chama-se The Music of Joni Mitchell (Oxford University Press, 2008), e foi escrito por Lloyd Whitesell.

domingo, 6 de julho de 2008

Para Herbie, as letras de Joni vieram primeiro

Herbie Hancock, The river: The Joni letters (2007)

Hancock, o gigante do jazz, presta tributo à obra poética de Mitchell, esta noite no Confederation Park.
Iniciando-se no piano aos sete anos de idade, e tornando-se no mais expressivo e influente músico e compositor nos 61 anos subsequentes, um inovador no jazz, funk e R&B, Herbie Hancock nunca prestou muita atenção às letras. Nem mesmo quando interpretou os grandes clássicos do cancioneiro americano, tais como “The man I love”, incluído no álbum de 1988, premiado com um Grammy, Gershwin's World, prestou Hancock atenção à importância das palavras.
Tal tomada de consciência apenas tomaria lugar ao lado da sua velha amiga Joni Mitchell. «Eu sabia que ela era muito respeitada enquanto poeta, mas nunca até aí tinha entrado nessa parte do seu trabalho», disse Hancock ao Citizen na passada semana. «Vejo agora que ela é sobretudo uma poeta antes mesmo de ser uma compositora ou executante, e que são as palavras que determinam as suas melodias.»
Hancock fez esta descoberta enquanto trabalhava em River: The Joni letters, uma excursão que empreendeu pelo generoso cancioneiro mitchelliano. O álbum surpreendeu tudo e todos, Hancock incluído, quando este ano venceu um Grammy para melhor álbum, quebrando assim um jejum que perdurava desde 1964.
O pianista havia já trabalhado em três álbuns da cantautora canadiana, e ela tinha já cantado num dos seus. Contudo, e ainda que esta relação perdurasse desde 1979, Hancock acabou uma vez mais por fazer o que todo o músico de jazz faz quando se viu a braços com a difícil tarefa de ter de escolher as canções – e os cantores – que iriam figurar neste projecto: prestou atenção à melodia, à harmonia, às texturas e estruturas com que iria trabalhar, ignorando tudo o resto.

Herbie Hancock aquando da atribuição do Grammy para melhor álbum de jazz

«Para a maior parte de nós, tanto nos faz que as letras estejam escritas em inglês ou em polaco», diz-nos Hancock em tom de quase brincadeira. «River fez-me ver que a música pode nascer das letras, e eu estava determinado a fazer tudo o que podia para que as palavras da Joni determinassem tudo o resto.»
Hancock irá tocar as canções de River hoje à noite, encabeçando o Ottawa International Jazz Festival no Confederation Park juntamente com a sua banda: o saxofonista Chris Potter, o guitarrista Lionel Loueke, o baixista Dave Holland e o baterista Vinnie Colaiuta. Das palavras estarão encarregues as cantoras Sonya Kitchell e Amy Keys.
Uma metade do concerto será ocupada pelas canções de River; a outra destinar-se-á aos êxitos de Hancock: “Watermelon Man”, “Chameleon”, “Maiden Voyage” e “Rockit”.
Não só o facto de ter trabalhado com Mitchell mudou a forma como Herbie Hancock passou a olhar para as canções – «Sei agora como adicionar letras à minha paleta de cores» – como faz com que este passasse a ter por Mitchell uma ainda maior admiração. «Ela é um verdadeiro caso de uma pessoa renascentista», diz-nos. «Escreve boa poesia e canções, tem créditos firmado enquanto instrumentista e arranjadora musical, pinta, realiza filmes, e até escreveu música para um bailado. Quem mais fez tudo isso?»
Para River, Hancock e o produtor Larry Klein, ex-marido de Mitchell, escolheram canções que carregassem de forma vincada os temas mais recorrentes da obra de Mitchell: perseverança, solidão, o amor perdido ou condenado. Porém, olhando em retrospectiva para os 40 anos de carreira de Mitchell, Hancock parece interessar-se mais pela mudança do pessoal para o político. «A sua escrita é ainda muito pessoal, mas ela está agora noutra fase da sua vida – e eu também; tem agora coisas a dizer acerca do estado do mundo», diz-nos. «Preocupa-se com a guerra, o ambiente, a pobreza e a ganância. E não tem receio de bater com a mão na mesa.»
Numa entrevista ao Citizen realizada em 2006, Mitchell falou de Hancock com o mesmo carinho e admiração. São ambos budistas, e ainda que isso os tenha naturalmente aproximado, Mitchell contou-nos que o que realmente a atrai em Hancock é a sua disposição para correr riscos. «Quando nos conhecemos, tínhamos o mesmo problema ainda que em direcções opostas», disse ela. «As pessoas diziam que eu estava a embrenhar-me demasiado no jazz e que ele estava perigosamente perto da pop com o seu projecto Headhunters. A ele acusaram-no de ter acedido ao comercialismo; a mim de ter empinado o nariz.»

2007: Joni Mitchell e Herbie Hancock

Conheceram-se quando o baixista Jaco Pastorius telefonou a Hancock do estúdio onde Mitchell estava a gravar Mingus, o álbum de 1979 marcado pela colaboração Charles Mingus meses antes da sua morte.
«Disse-lhe, ‘A Joni Mitchell está fazer um álbum sobre o Charlie Mingus? Uau, e como vai ser isso?’”, recorda Hancock. «Nunca sequer suspeitei que ela soubesse quem ele era, dado a sua música ser muito diferente daquela que eu havia ouvido dela.»
Porém Mitchell estava desde há muito fascinada pelo jazz: as secções de metais – e pseudo-arranjos jazzísticos – repetiam-se de disco para disco desde Court and spark (1974). Hancock estava surpreso e impressionado. Para as sessões, Mitchell havia convidado o saxofonista Wayne Shorter, um antigo colaborador de Hancock, o baterista Peter Erskine, o percussionista Don Alias, Pastorius e, como peça primordial, Hancock. «Percebi por que nos queria ali», diz-nos Hancock. «Nós éramos todos músicos exploradores e ela queria que tocássemos com a mesma liberdade com que estávamos habituados.»
Os dois permaneceram amigos desde então. Quando Mitchell entrou para o Canadian Songwriters' Hall of Fame em Toronto, corria o ano de 2007, Hancock viajou desde Los Angeles especificamente para ser ele a entregar-lhe o dito galardão. Foi então que lhe disse estar interessado em fazer um álbum contendo algumas das suas canções.
«Eu não lhe pedi permissão para fazer este disco, sabem?», diz-nos ele a rir. «Ela podia ter querido tomar conta do projecto.»
De facto, diz-nos Hancock, ele e Klein foram mantendo Mitchell informada. Queriam afastar-se do habitual conceito de álbum de tributo e apresentar uma colecção de temas onde Hancock pudesse expressar a sua admiração de uma forma reflectida. Decidiram ainda não usar cantoras de jazz, mas sim pessoas que conseguissem aproximar-se do jazz vindas das suas próprias raízes bem firmadas no blues, no R&B e na pop.
Hancock diz-nos que a rouquidão de Tina Turner foi uma escolha natural para encarnar o sentimento de celebridade instantânea de “Edith and the Kingpin”, que tão cedo aparece como logo se dá ao esquecimento; tal como a suavidade da voz de Norah Jones caiu como uma luva no clima de encantamento amoroso expresso em “Court and Spark”.
«O Larry contou-me que a Joni é uma grande fã da Tina e da Norah, pelo que as escolhas foram, de certa forma, desde logo felizes. E tanto a Corinne Bailey Rae (que canta “River”) como a Luciana Souza (“Amélia”) são grandes admiradoras da Joni.»
A decisão de convidar Leonard Cohen para fechar o álbum com “The Jungle Line”, um momento alimentado a café e cigarros, deveu-se puramente a um golpe de teatro. «Gosto de ter sempre, em cada álbum que faço, uma coisa que ninguém espera», diz-nos Hancock.»
Após algum tempo, Hancock conseguiu convencer Mitchell a participar no álbum; esta surpreendeu-o ao escolher “Tea leaf prophecy”, uma canção sobre o enamoramento dos seus pais durante a Segunda Guerra Mundial.
Hancock surpreendeu-se também com as diferenças existentes entre esta versão e a versão original contida no álbum de 1988 Chalk mark in a rainstorm. «Mostra-nos como ela é uma grande cantora de jazz», diz-nos ele. «O seu fraseamento, a escolha das notas que encadeia, as opções que toma quando improvisa. É uma exploradora.»
Herbie Hancock irá tocar no palco principal do Confederation Park hoje à noite pelas 20h30. A abrir a primeira parte estará, pelas 18h30, o Alexis Baro Sextet.

(Doug Fischer, For Herbie, Joni's lyrics came first, in Ottawa Citizen [Canadá], 22-06-2008 (tradução de Samuel Jerónimo). A publicação deste texto insere-se na política Fair use.)

sábado, 5 de julho de 2008

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